No setor da saúde, é inegável que os avanços tecnológicos têm proporcionado muito progresso. Equipamentos oferecem diagnósticos e tratamentos mais eficientes, biossensores permitem o monitoramento contínuo, há próteses mais leves e biocompatíveis e até mesmo sistemas que automatizam a gestão hospitalar.
No mesmo sentido, a telemedicina nasce como uma consequência da aplicação da tecnologia no setor da saúde e dos avanços na área de telecomunicação, ou seja, compreende uma maneira de prestar serviços médicos por meio da tecnologia.
Presente nos sistemas de saúde de países desenvolvidos, a telemedicina no Brasil, no entanto, tem encontrado dificuldades para sua implementação e gerado debates entre a comunidade médica e a população.
Neste artigo, vamos explicar melhor o que é e qual é o atual momento da telemedicina no Brasil. Saiba mais a seguir!
O que é telemedicina?
“Tele”, em grego, significa “distância”. Portanto, a telemedicina pode ser entendida como um conjunto de práticas médicas realizadas a distância. Ela é aplicada com o intuito de oferecer um sistema de saúde mais eficiente. A seguir, destacaremos algumas de suas práticas.
Teleconsultoria
Quando aplicada com o intuito de permitir que profissionais busquem ajuda, esclarecendo dúvidas e buscando suporte com outros profissionais, podemos entendê-la como uma forma de prestar suporte remotamente. Assim, profissionais podem discutir sintomas, laudos, quadros clínicos e até mesmo questões pertinentes à gestão hospitalar.
Como exemplo, podemos citar um centro de saúde pequeno que atenda a uma comunidade rural, onde não há médicos de todas as especialidades. Caso o clínico geral considere que os sintomas do paciente necessitam de uma interpretação mais específica, o médico pode entrar em contato com um grupo de profissionais especializados, que ficam disponíveis para oferecer suporte nessa situação.
Teletriagem
Quando a telemedicina é aplicada com o intuito de realizar uma triagem, o paciente pode entrar em contato com um médico que lhe dirá, conforme os sintomas relatados, o tipo de instituição de saúde que ele deve procurar. Isso impacta positivamente o desempenho das instituições, diminuindo o tempo de espera e otimizando o atendimento presencial.
Teleconferência no ato cirúrgico
Ela estabelece que médicos podem acompanhar um ato cirúrgico por meio de uma transmissão em vídeo, com o objetivo de ensino e de treinamento.
Teleconsulta
A teleconsulta é a realização de consultas a distância, por meio de dispositivos eletrônicos. É importante ressaltar que ela não substitui a consulta presencial, sendo uma forma de tratamento assistencial.
Telediagnóstico
O telediagnóstico, por sua vez, compreende a interpretação de laudos e exames a distância por profissionais qualificados. O profissional deve emitir seu parecer, dando o resultado de acordo com o procedimento.
Telecirurgia
É uma modalidade da telemedicina na qual o procedimento cirúrgico é realizado remotamente, por meio de tecnologias que permitem que o cirurgião opere o equipamento a distância. Aplicado somente quando é seguro e em ambientes com infraestrutura adequada, a prática ainda exige a presença de um médico no local.
Telemonitoramento
Alguns biossensores captam e enviam sinais biológicos dos pacientes, permitindo um monitoramento contínuo do quadro clínico. O telemonitoramento compreende essa prática, permitindo que o médico obtenha dados mais precisos da saúde do paciente.
Como é a telemedicina no Brasil?
A telemedicina está em discussão no Brasil. A resolução nº 2.227/2018, segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), “define e disciplina a telemedicina como forma de prestação de serviços médicos mediados por tecnologias”. Assim, estabelece parâmetros éticos e legais para a realização de consultas online, telediagnósticos, telecirurgias etc.
No Brasil, um dos seus principais impactos é a promoção de serviços médicos, principalmente os serviços especializados, em comunidades distantes e em locais que sofrem negligência assistencial.
No entanto, após a publicação da resolução, entidades médicas se opuseram e solicitaram mudanças no documento, vetando a teleconsulta. Até que seja regulamentada, está em vigor, no Brasil, a resolução antiga.
O que muda com a nova resolução da telemedicina no Brasil?
A resolução antiga, nº 1643/2002, que também estabelecia parâmetros para a prestação de serviços por meio da telemedicina no Brasil, não previa a consulta, o diagnóstico, o monitoramento, a triagem, entre outros, por meio da tecnologia. Ela permite apenas o atendimento auxiliar de um segundo médico durante o atendimento, dando uma segunda opinião, mas nunca como o porta-voz do atendimento.
Desse modo, a nova resolução causou bastante debate na comunidade médica e gerou certa desconfiança e estranhamento entre a população. O código de ética médica mantém o veto sobre a proibição de consultas a distância.
Quais os desafios da implementação da telemedicina no Brasil?
Acesso e investimento em tecnologia
O investimento em tecnologia adequada é fundamental para a realizar os procedimentos médicos por meio da telemedicina de forma eficiente. Dessa forma, equipamentos inadequados ou sistemas ineficientes, além de gerarem resultados insatisfatórios, podem prejudicar, aos olhos da população e da comunidade médica, a confiabilidade no tratamento a distância.
Mudança de mindset de profissionais e pacientes
Atualmente, um dos maiores desafios da telemedicina no Brasil é convencer os pacientes e os profissionais da saúde de que o atendimento a distância não traz prejuízo na relação entre o médico e o paciente.
Muitos profissionais argumentam que o contato pessoal é importante para realizar o atendimento, principalmente no campo da teleconsulta e do telediagnóstico. No entanto, é preciso reconhecer os benefícios e as possibilidades que o atendimento a distância pode trazer, por exemplo, uma segunda opinião médica.
Habilitação adequada dos profissionais
Outro ponto importante é a adaptação dos profissionais com as tecnologias de telecomunicação. Segundo Donald Kosiak, Diretor Médico Executivo da Avera Health (EUA), o segundo maior desafio da implementação da telemedicina é o “licenciamento e credenciamento” dos profissionais na área da saúde. No Brasil, o mesmo problema se repete.
Ética médica
Outro desafio é com relação à ética médica. Atuando remotamente, é preciso adotar novas práticas para fiscalizar e garantir um atendimento eficiente e de qualidade e até mesmo barrar supostos profissionais que atuem em consultas sem a devida qualificação.
Outro ponto a se destacar sobre a ética médica é o sigilo dos dados dos pacientes. Como os sistemas atuam guardando os dados na nuvem, isto é, online, garantir a segurança desses dados torna-se essencial para as boas práticas do atendimento.
Portanto, vimos como a tecnologia pode ser aplicada no tratamento médico a distância e entendemos o atual momento da telemedicina no Brasil. A falta de profissionais qualificados e a resistência da comunidade médica e da população são os principais desafios da sua implementação. Ainda em discussão, no futuro, a resolução tende a seguir o caminho das práticas adotadas no exterior.
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